O filme se passa num internato feminino inglês na década de
30. As personagens são interessantes e retratam as diversas e contraditórias facetas
do comportamento feminino: sensualidade, força, inveja, agressividade,
ingenuidade, malícia, sensibilidade, e tantas outras. A trama gira em torno de um
grupo de alunas que forma uma equipe de natação e sua enigmática e sensual
professora, Mrs. G. As alunas se inspiram na professora, com destaque para Di,
cuja veneração é evidente. A chegada de uma nova aluna vinda da nobreza Espanhola,
Fiamma, muda a dinâmica do grupo, despertando curiosidade, competitividade e
inveja. A favorita Di se ressente imediatamente por perder a predileção para a
nova aluna, que parece saber mais sobre tudo e ser uma excelente mergulhadora. Aos
poucos, Mrs. G. começa a se interessar por Fiamma e acaba descobrindo que foi
expulsa de casa por se envolver com um plebeu. Enquanto seu interesse pela
aluna aumenta, Fiamma começa a perceber que as fantásticas histórias de Mrs. G.
sobre suas viagens pelo mundo nada mais são do que reproduções da literatura. As
outras meninas, cada vez mais enciumadas, começam a tratá-la com agressividade.
Cabe analisar as facetas destas personagens. Como Mrs. G. passou da mulher
segura e avant-garde para a imagem da insegurança e obsessão com uma aluna. Quantas
de nós, apesar de todas as conquistas e momentos de superação, não nos sentimos
fracas e inadequadas, inseguras e sozinhas, buscando espelhar-nos em outras
mulheres mais fortes? Quantas vezes pensamos que deveríamos abandonas tudo e
partir para uma vida mais real e gratificante e não o fizemos, deixando-nos
corroer pelo medo? Ou, como Di, quantas vezes lideramos porque alguém tinha que
fazê-lo e, ao nos sentirmos ameaçadas por outras personagens, nos armamos para combatê-las.
Como a arrogância é sinal de insegurança! E como, para ser livre, é preciso
mais do que palavras.
Acho interessante fazer um paralelo com outro filme
semelhante, O sorriso de Monalisa, cuja personagem vivida por Julia Roberts,
Katherine, também é uma professora numa tradicional escola inglesa nos anos 50.
A diferença, porém, é que ao contrário de Mrs. G., Katherine era realmente uma
mulher à frente de seu tempo e vivia isso em toda sua plenitude. Contestada pelas
alunas no começo, acaba por tornar-se seu exemplo e, no fim, opta por deixar o colégio
por não concordar com as limitações impostas para suas aulas de História da
Arte. Katherine era a forte mulher que todas desejamos ser sempre, sem dúvidas
sobre suas escolhas. Mrs. G., por outro lado, acaba por se mostrar frágil,
desequilibrada e insegura, como tantas vezes nós também somos. É muito difícil
ser o tempo todo como Katherine, acredito. Ás vezes, somos também Mrs. G. Em ambos
os filmes, o ambiente predominantemente feminino revela de início o velho
clichê da suposta inveja e competitividade feminina mas a união e a amizade
acabam superando isso. Minha conclusão é que o universo feminino é realmente
muito complexo e o nosso crescimento é um longo processo cheio de momentos
lindos e dolorosos, mas muito enriquecedor.
Muito relevante sua análise sobre o filme Sedução. É, de fato, uma temática forte e bastante provocativa no sentido em que dialoga com a nossa percepção sobre a representação do feminino e dos limites impostos pela sociedade, evidenciando também as relações entre poder e fragilidade.
ResponderExcluirMuito relevante sua análise sobre o filme Sedução. É, de fato, uma temática forte e bastante provocativa no sentido em que dialoga com a nossa percepção sobre a representação do feminino e dos limites impostos pela sociedade, evidenciando também as relações entre poder e fragilidade.
ResponderExcluir